segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Deixa a Angélica falar de impotência

Em um lapso, acaba-se a luz.
- Ela está no elevador!
Foi-se embora qualquer tipo de paz, agora eu só sabia ouvir os gritos e pensar que precisava encontrá-la.
Corri as escadas atrás daquela voz, que cada vez mais me dava um aperto no coração.
-Géééé, cadê você.
A voz não estava em lugar nenhum. Estava dentro do elevador.
Nesse momento, meu coração ficou preso também, queria ter o poder de abrir a porta com as mãos, mas infelizmente vi o quando sou incapaz.
A única coisa que poderia fazer era acalmar. Mas como? Acalmar uma pessoa dentro de ume elevador sendo que também estava nervosa. Use da Psicologia, meu bem.
Fui conversando e devagar os berros foram cessando.
Cessaram-se até demais. Calou-se a voz desesperada que vinha de dentro do elevador.
Esfriei, da cabeça aos pés. Um desmaio naquele momento era mais do que esperado.
Saí correndo, mais uma vez. Dessa vez era para pedir ajuda e não para ajudar.
Não mais do que em minutos, um batalhão de gente, pessoas que ouviram aqueles gritos amendrontados, amontoaram-se para tentar, cada um de sua maneira, ajudar aquela menina que estava presa.
O sentimento de impotência foi me tomando de tal maneira, que parecia que aquilo nunca ia acabar.
Para minha alegria parcial, a voz voltou a pedir ajuda, ela não havia desmaiado. Tinha lutado contra seu próprio medo, mostrando-se mais forte que qualquer pessoa que estava tentando ajudar, mostrando o quanto era guerreira.
Comecei a brincar, soltar piadas, fazê-la rir. Sou especialista em fazê-la rir, mas por mais que estivesse brincando, para alegrar de maneira pobre aquela minha querida amiga, eu estava em prantos por dentro, queria que fosse meu corpo que estivesse preso.
Ligações, tentativas de abertura da porta, nada de luz elétrica, nada de nada. Solidariedade à flor da pele.
Ouço uma sirene, os bombeiros. De certa forma, fiquei aliviada, mas ainda não sabia quanto tempo ainda iria durar, só queria minha amiga nos meus braços.
Um amontoado de gente, que já não estavam ali para ajudar, estavam movidos por um único sentimento: curiosidade.
Abriu-se a porta, através de aplausos e flashes, a pequena refém de quatro portas de ferro foi amparada pelo bombeiro e saiu, radiante, entre lágrimas.
Meu coração acalmou-se, ela estava bem.
Nessas horas eu penso que o desespero mostra o quão impotente é o ser humano e o quanto amo minhas amigas.


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Dedico esse post a menina presa no elevador, que me mostrou que de fraca e indefesa, não tem nada.
Obrigada por ter aguentado firme e ter saido ilesa.



Para uns o elevador não é nada, para esses apenas a vida já se encarrega de ser um elevador fechado.

3 comentários:

  1. a sua pequena so tem algo a dizer! TE AMO AMIGA!
    e foi a sua voz e a da Bi que me acalmou..pq eu sei q nao importa o tempo q fosse, vcs estariam do outro lado!!

    TE AMOOOO

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  2. Que lindo, amiga!
    Me faz admirar-te mais ainda...

    Beijão!

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  3. Lahhhh..
    Essas NOSSAS AMIGAS sempre estarão por perto se precisar!!! =)

    Amo muuuiito vocês!

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