quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Recuperação.

Ele estava ali, quase morrendo. Ninguém acreditava que depois de meses em coma, ainda poderia reagir e dar sinais de que estava lutando para viver, mas estava.
No fundo do coração de quem acreditava, a lembrança dele vivo ainda passava como se estivesse vendo em tempo real.
Havia sido esquecido, mas não completamente, ainda doía lembrar que estava ali de cama, dentro de um lugar onde de vez em quando recebia visitas.
Há quem pense que foram essas visitas esporádicas que o fizeram manter seus sinais vitais.
Resolvi então parar de lembrar e visitar aquele que para mim, tinha sido tão importante.
Quando segurei em sua mão, vagarosamente e com toda a força que ainda lhe restava, apertou firme meu dedo, como se tivesse pedindo ajuda ou um pouco de vida.
Naquele momento, qualquer sinal mínimo de vida já era uma vitória, quando você se depara com algo em estado vegetativo, quer dá-lhe estímulos para reviver.
E foi o que eu fiz, dei-lhe esperanças para reviver.
Aos poucos foi recuperando o brilho e mostrando porque não havia entrado em óbito ainda, ele precisava de outras coisas para que isso acontecece, no fundo, fui eu mesma que não o deixei morrer.
Me passa pela cabeça a culpa por tê-lo deixado naquele estado, mas depois lembro que não tive tanta culpa assim, inúmeros motivos o levaram cair doente.
Mas naquele momento nada importava, queria mesmo era esquecer tudo de ruim, dar forças e motivos para ele continuar o esforço em querer sair do esquecimento.
Sinto medo de que quando ele volte a "estaca zero" tenha sofrido mudanças das quais eu não vou conseguir me adaptar, ou mesmo não ter espaço para mim nesse novo momento.
Porém deixá-lo a ponto de morrer não é o correto a fazer, visto que todas as vezes a angústia de saber que ainda estava ali me dava saudade de tê-lo por perto.
Hoje eu posso dizer que ainda falta muito para que sua saúde e vigor voltem a ser o mesmo.
Ele segue com passos de criança que ainda não sabe firmar os pés no chão, precisa de muito apoio e assim como uma planta, necessita de muito adubo e cuidados para manter-se vivo.
Minha parte estou fazendo, acreditando mais uma vez que ele pode me fazer feliz.
Posso dizer que ele está vivo, recuperando-se dos machucados e com todo meu apreço.
O amor está de volta depois de quase falecer, caminhando com passos de esperança.

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