quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Apenas mais um dia de chuva.

Ela queria apenas se enfiar no meio de seus braços e sentir todo aquele fogo que insiste em queimar.
Pensar não é mais suficiente, ela quer fazer o encontro dos dois universos tão distantes, quer torná-los um só.
A menina que antes se contentava em palavras e promessas de amor agora quer pele, quer gosto. Não há nada mais superficial que palavras, não há nada mais concreto que corpo.
A mulher que surge insiste em querer o que não pode ter, insiste em querer ser a única mulher capaz de tirar o centro do desejo alheio.
Desejos aqueles tão palpáveis quanto nuvens. Não importa! Ela os quer porque para ela o céu é apenas o início, não o limite.
Prender essa mulher seria como cortar as asas de um pássaro, seria cometer um pecado dos mais condenáveis.
Deixe-a alcançar o infinito, que se tornará finito no cheiro daquela nuca.
Não importa quantas vezes mais ela terá esse cheiro, e se terá, ela apenas quer recordar o porque desejava tanto.
E as sensações comparadas a recordação daquele cheiro, são apenas pingos de orvalho, ela nem liga, quer mais é que chova para lavar a alma.
A chuva lembra as tardes na rede, em que não tinham nada para fazer e ficavam ouvindo a música da chuva caindo na piscina.
Mas dane-se o passado, o presente, o futuro, a menina que era tão sonhadora, que ansiava todas as coisas do mundo agora só quer uma, apenas mais um dia e não é qualquer dia, ela quer um dia para saber se todos os outros dias ela vai querer sentir-se igual. Não importa o que aconteça, ela apenas quer saber o que vai sentir, o quão diferente, ou igual, vai ser o sentimento. Como ela será, se voltará a ser a menina ansiosa ou apenas uma mulher sem ambições.
Enquanto o dia não chega, ela volta a querer o fogo, que pode não arder tanto quanto ela imagina e que causará mais marcas, além das que já possui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário