Angélica Quer Falar.
Devaneios de uma simples universitária.
domingo, 5 de agosto de 2012
Feliz dia dos pais?
"Feliz dia dos pais!"
Essa frase pra mim não faz o menor sentido.
Pai, no sentido biológico da coisa, eu tenho. Sou a cara dele por sinal. E pai no sentido sentimental da coisa, é um misto de gente amada que passou e está na minha vida.
Mas não quero falar dessas pessoas mágicas e queridas, hoje, quero expressar o que eu senti e algumas coisas ainda sinto com relação àquele que me deu a vida.
Desde criança sempre quis ele por perto, muitas vezes fiquei esperando no portão de casa ele chegar e tantas outras vezes me decepcionei, porque ele não apareceu. Muitas vezes fui buscar apoio, um colo de pai - aquele colo que dizem que é um dos melhores do mundo - infelizmente não tive, no lugar disso, ouvia palavras como: "Calma, todo mundo um dia irá morrer, hoje foi seu avô, mas amanhã vai ser sua mãe, eu, você.", palavras muito cruéis para uma menina de 10 anos ouvir.
Já ouvi muita gente falando pra eu deixar pra lá, esquecer isso, perdoar, mas tem épocas que por mais que eu "deixe pra lá", o coração, que não é de pedra, fica apertado e me vem vários pensamentos e sentimentos com relação a isso.
É difícil demais passar ao lado de uma pessoa que não olha na sua cara por orgulho e essa pessoa ser o seu pai.
Sempre esperei tanto dele, talvez por uma cobrança social de que todos devemos ter pai e mãe, não sei direito o por que de tanta esperança, mas eu sei que hoje, depois de tantas feridas, eu não espero mais nada.
Eu nem deveria falar disso, mas senti a necessidade de escrever pra desabafar, quem sabe assim eu não consiga entender melhor o que é esse sentimento ruim que eu sinto toda vez que eu penso nele.
Estarei mentindo dizendo que não tive momentos bons com ele, tive sim, mas infelizmente foram tão poucos e todas as vezes fui eu que procurei. Acho que esses momentos bons só serviram pra eu me questionar mais ainda, o por que dele ser assim.
Se eu pudesse e tivesse coragem, eu hoje olharia dentro dos olhos dele e falaria: "Hoje sou uma mulher de 24 anos, no início da vida adulta, me formando psicóloga, com vários planos, vários sonhos e você não me ajudou e nem faz parte de nada disso. Como você se sente?"
Como será que ele se sente? Se um dia eu tiver coragem, gostaria de saber.
Meu pai, meu anti-herói. Ele passa longe de ser alguma referência boa pra mim e posso dizer que isso é frustrante demais.
Obrigada pai, obrigada por todas as vezes que precisei e você se ausentou, obrigada por todos os abraços que eu não tive, por todos os aniversários que você esqueceu, por todas as minhas conquistas que você não estava lá pra compartilhar. Obrigada por me mostrar como um pai não deve ser.
Espero um dia poder mudar tudo isso e você ser enfim um pai pra mim.
Feliz dia dos pais, mas não pra você.
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